quarta-feira, novembro 29, 2006

Iniciativa privada não é concentração

Tenho um pé (quase os dois, na realidade) na esquerda, mas bom senso suficiente pra acreditar que o Governo deve deixar algumas coisas de lado para ter fôlego e foco para se preocupar com, digamos, coisas de governo, deixando o resto para a iniciativa privada. O controle disso tudo ficaria por conta dos órgãos e agências reguladores independentes e apolíticos.

Foi divulgado hoje que a concessionária CCR irá controlar a Linha 4 (Linha Amarela) do Metrô Paulista, que vai ligar a Estação da Luz à Vila Sônia (zona oeste da capital). A notícia do InfoMoney registra uma informação importante.

A CCR - Companhia de Concessões Rodoviárias já possui outras seis concessões: Ponte Rio-Niterói (RJ), Nova Dutra (RJ/SP), Via Lagos (RJ), RodoNorte (PR), Autoban (SP) e ViaOeste (SP). Sem preciosismo, diria que por estas concessões passam a maior parte do PIB nacional que trafega por via terrestre.

Em 1998, quando foi privatizado o Sistema Telebrás, o então ministro das Comunicações Sergio Motta, comemorou o fato de ter vendido "ar" para as concessionárias que adquiriram as licenças para operar telefonia celular no País. Em oito anos, um telefone celular que custava mil dólares pode ser comprado, hoje, por menos de 100 reais (são quase 100 milhões de usuários no Brasil). Neste caso, a privatização seguiu regras rígidas, dividindo o mercado em áreas de interesse distintos e assegurando que nenhum controlador pudesse ter mais de uma concessão na mesma área, garantindo (em tese), a competição.

Não é o que se observa no caso acima. A CCR já domina as mais importantes rodovias do Brasil e começa a espalhar seus tentáculos no transporte público. Para fazer sentido, terá de mudar sua razão social.