terça-feira, fevereiro 13, 2007

Gaveta sim, mas com profundidade

As edições desta segunda-feira (12 janeiro de 2006) dos dois jornais de maior circulação do Estado de São Paulo – Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo – trazem dois assuntos distintos em suas manchetes.

Enquanto a FSP anuncia em seis colunas “Déficit do INSS piora até em conta nova”, a edição do OESP estampa, em apenas duas Brasil é campeão em ações trabalhistas”. Até aí nada demais.

Salvo o tema violência que esteve na pauta da mídia durante todo o final de semana, fruto da morte violenta do garoto de seis anos, João Hélio Fernandes, na última quarta-feira (7), no Rio de Janeiro (RJ) – no OESP, o tema ainda traz uma suíte “Família de João Hélio faz apelo por lei mais severa”; na FSP, com destaque no topo da página, “Quinto suspeito da morte de menino se entrega” –, os dois jornalões mostram que as edições de segunda-feira de qualquer jornal, pelo menos no que tange às manchetes, são uma verdadeira caixinha de surpresas, em geral construídas a partir de material frio (no jargão, ‘de gaveta’), apurado ao longo da semana e guardado para as edições de domingo ou segunda-feira.

O que muda é a forma com que cada publicação se debruça sobre aquilo que o editor responsável pela primeira página considerou o assunto mais importante da publicação.

No caso da Folha de S.Paulo, apesar da importância dada ao tema na chamada da manchete, a matéria sobre a mesma, de autoria dos jornalistas Gustavo Patu e Leandra Peres, ambos da sucursal de Brasília, é baseada em relatório enviado ao jornal pela Previdência e números constantes do Orçamento da União de 2006. Nenhum demérito (ou descrédito) sobre o que foi publicado. Porém, a reportagem, se é que chegou a ouvir as partes envolvidas – ou seja, a Previdência – esqueceu-se de falar sobre isso na matéria.

Já Renée Pereira, de O Estado de S.Paulo, fez a lição-de-casa. A matéria também resulta de relatórios, no caso um estudo do sociólogo José Pastore. Mas a reportagem vai além. Ao falar sobre processos trabalhistas, foi ouvir o que tinha a dizer representante do Tribunal Superior do Trabalho à época do estudo e, para completar, a opinião de pelo menos um especialista fora da esfera pública.

Ponto para o Estado.