quarta-feira, outubro 24, 2007

Imaginação e muita eficiência (ou coincidência, sei lá)

Chama a atenção os nomes pelos quais o comando da Polícia Federal denomina suas operações mais complexas, ou pelo menos as midiáticas.

Das relacionadas em 2007 (o relatório foi atualizado pela última vez em no final de agosto), encontramos coisas como KOLIBRA, PARABELLUM, BIG-APPLE, ANANIAS, CASÃO, TRUCO, BYBLOS, HURRICANE, KASPAR, HIENA, FREUD, GERÚSIA e CONVENTO.

Convenhamos, imaginação parece que não é problema dentro desta instituição que (ainda) consegue passar um caráter de seriedade para a população e o tema já deve ter sido comentado por muita gente por ai (numa busca rápida e preguiçosa, encontrei o falando nisso).

Ao comparar o volume de atividades batizadas este ano, encontrei 107 operações (vale ressaltar que ainda faltar que a última atualização foi feita em agosto - ou seja, ainda cabem quatro meses de operações lá), contra 167 no ano passado, 64 em 2005, 42 em 2004 e apenas 16 em 2003, último ano listado no site da PF.

Fazendo uma regra de três simples e assassinando qualquer regra estatística, posso supor que vamos chegar em dezembro com 160 operações, número próximo do registrado em 2006.

Se olharmos apenas para esses números, poderíamos afirmar que a criminalidade no País está estabilizada? Difícil dizer. Que a PF vem trabalhando com mais afinco nos últimos anos dois, três anos? É possível.

Não consegui apurar o atual contingente de PF – vasculhei o site e não achei nada sobre isso (mas ainda não desisti) – nem sua variação nos últimos quatro anos. Mas posso afirmar, sem medo de errar, que o número de agentes não cresceu tanto quanto o número de operações (mais de 800% entre 2003 e 2006).

Tampouco pode-se supor que a instituição tenha recebido um volume de recursos para investir em tecnologia que pudesse justificar tamanha melhoria de desempenho.

Coincidência ou não (e pelo bem da própria instituição bom seria que não fosse), a melhoria na atuação da PF – pelo menos com relação aos dados disponíveis e sobre os quais essas considerações são feitas – começa a ser notada a partir da primeira gestão do PT na Presidência da República.

Em meu próximo post, que espero não demore tanto para ser feito quanto este, vou mostrar o resultado do cruzamento das datas de deflagre de algumas dessas operações com a agenda político-econômica nacional. Este mapa ainda não está pronto, mas parece torto.